sábado, 9 de março de 2013

Sede Vacante

Por Tácito Coutinho

A Igreja está “no olho do furacão”, está em evidência e suas “entranhas” são esmiuçadas, exploradas... Levantam hipóteses, fazem conjecturas, proclamam crises, descobrem dossiês... e o papa? Será um brasileiro? Europeu? Conservador ou liberal? 

A oportunidade serve para que se levantem as mais diversas bandeiras que vão desde as uniões homo afetivas até a questão do celibato e ordenação feminina.

A chamada “crise” justifica as mais diversas e estranhas opiniões. Acusações seculares – o papado na Idade Média, a vida palaciana no Vaticano do Renascimento – são feitas novamente por alguns que se identificam como cristãos, mas que não participam de nenhuma Igreja, que “seria uma invenção humana”. Ora!

Os problemas (inegáveis e indesculpáveis) de abusos, corrupção e descaso pastoral aparecem agora como responsáveis pela “crise” que a Igreja atravessa, dando a entender que esses problemas são exclusividade da instituição eclesial.

Não querendo polemizar, tampouco ser advogado da Igreja (ela tem Outro Advogado) ou apologista, parece-me que vivemos “em crise”: a morte de Hugo Chaves trouxe a crise ao chavismo; a derrota de um time provoca a crise do referido time com protestos contra o técnico e diretoria; a queda do PIB causa a crise econômica; a redução do IBOPE inaugura a crise de audiência deste ou aquele programa... Será que não devemos falar de uma crise mais abrangente? A crise de sentido?

O assédio a Igreja e o apetite por descobrir suas mazelas parecem-me, na realidade, a busca de um “bode expiatório”, uma “Geni” (Chico Buarque) em quem “jogar pedra, em quem cuspir”. Parece-me uma catarse dos males da sociedade que a Igreja, como parte desta mesma sociedade, não está isenta. Olhando as recentes notícias, já esquecidas, falou-se da “crise” da segurança (os ataques em Santa Catarina); da crise de responsabilidades (boate Kiss em Santa Maria); da crise da administração pública (desastre de Xerém); sem falar nas crises permanentes: corrupção no Congresso, das Secretarias e secretários de governo, da violência urbana, mensalões e mensalinhos... Não que isso justifique ou minimize, como afirmei acima, os problemas da Igreja.

Objetivamente a sucessão do Papa é um problema (problema!?) que cabe a Igreja resolver, e ela possui os meios legais e os meios da fé para fazê-lo. A renovação da Igreja e reordenação moral de seus quadros é um dever de fé que incidirá sobre os ombros do próximo Papa, portanto, é preciso isenção, serenidade e oração.

Mas as especulações continuarão e os palpites (alguns sérios e fundamentados e outros “chutes”) estarão na ordem do dia...

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